Eu fico olhando horas pela porta de casa, esperando que o carteiro traga ele na encomenda. Mas acho que o amor está muito ocupado pra mim. Talvez esteja repousando em outra janela, passando por outras portas, ou quem sabe seja apenas descaso, ocupação demais para dividir o aluguel comigo. Eu fico rabiscando palavras o tempo inteiro, cantando músicas frias que passam por mim como ventos tristes. Se essa vida não fosse tão sua, juro que eu dava fim nesse querer por você, mas nem mesmo o meu corpo é mais meu. E se a vida fosse minha quem sabe eu poderia em um lance qualquer recomeçar e não esperar por nada, nenhum fiapo sequer de você. Se algo fosse meu o olhar não seria tão vago nem o pensamento tão perdido no sem sentido trazido pela tua voz muda. E entre um cigarro e outro, bebo um gole de tristeza. Oscilando entre o vazio que traz o sol e a solidão que traz a lua. E até as estrelas doem em mim, parecem tão sozinhas e escuras. Perdendo o brilho por culpa do amor silencioso que sente. O amor está ocupado, ocupado demais para um desocupado como eu que passa dias e noites com a porta semi-aberta olhando, esperando, espreitando por algo maior do que a própria existência. E talvez seja por isso ele não vem. Porque não espero por ele, mas sim por mim que fui um dia por alguém, e nunca voltei.
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